domingo, 3 de outubro de 2010

Remédio não é tábua de salvação para jovens

(Texto de Jairo Bouer na Folhateen, 28/08, sobre uma nova, sinistra e perigosa moda dos jovens, sobretudo nas baladas)
“Você está com dificuldade de concentração! Deve ter deficit de atenção! Por que não toma remédio?”
Muita gente já deve ter ouvido essa pergunta dos professores, amigos e até mesmo dos pais. Será que não existe um exagero nessa onda de medicar tudo aquilo que a gente sente?
Nas últimas décadas, a indústria e a ciência desenvolveram remédios mais eficazes e com menos efeitos desagradáveis para tratar ansiedade, depressão e deficit de atenção, entre outras manifestações psíquicas. Isso é muito bom: tratamento mais eficiente e seguro para quem precisa.
Mas essa evolução teve um efeito colateral social. Muita gente que talvez não precisasse acabou ganhando uma prescrição.
Tristezas, inseguranças, ansiedades e inquietações, que são normais na vida de qualquer um, passaram a ser mais facilmente medicadas, tirando um pouco nossa responsabilidade de resolver conflitos pessoais.
Assim, por exemplo, um final de namoro pode ganhar a ajudinha extra de um antidepressivo.
Com a atenção e a concentração, o uso de remédio de forma exagerada talvez seja a questão que mais chama a atenção dos especialistas. Parece que o remédio (Ritalina, por exemplo) virou uma “tábua de salvação” para muito aluno que não vai bem na escola.
Mas há problemas! Um remédio como esse (que é um derivado de anfetamina) pode causar dependência.
Ele deve ser usado por quem precisa e não por quem está atravessando uma fase de mais inquietação e menos atenção. Será que essas manifestações não são típicas da idade?
Antes de pensar em tomar remédio, que tal checar como andam suas emoções, seu sono e a vontade de sentar na cadeira e estudar? Como parte de nosso crescimento, a gente tem que aprender a lidar com nossos conflitos e emoções nem sempre agradáveis.

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